Depois de quase um
ano sem dar as caras, sem escrever, por que ainda não sei, falta de tempo seria
a desculpa perfeita embora ainda o tempo me faltasse devido à carga horária que
estipulei para exercer meu estágio, de acordo com a paixão que surgiu por
aquele trabalho, minha dedicação se tornou farta, queria viver somente para
trabalhar e trabalhar somente para viver.
Que tempo curto esse
que durou o estágio, não é a toa que é chamado de estágio, e quem dera o
estágio fosse eterno pois eterno seria minha paixão por ir lá e trabalhar. Não
era sacrifício carregar montanhas de processos para cima e para baixo,
cadastrar números e diligências também não me fazia mal, às vezes eu usava como
auxilio um carrinho, que quando vazio adorava manuseá-lo, me sentia uma
verdadeira criança. Com tanto trabalho eu ainda tinha tempo para me sentir uma
criança, ó que escolha péssima e hora errada para isso, no entanto sempre
cumpri com minhas tarefas, fazia mais do que deveria fazer e sabe de uma coisa,
eu nunca me importei, pois queria mesmo era saber cada dia mais fazer coisas novas,
eu adorava aquilo me deixava admirada, eu cadastrava os processos e em um e
outro eu lia uns trechos, aquilo me alimentava a alma, a imaginação era plena.
O tempo foi passando
eu fui gostando de carregar processos, de ler os fatos, de cadastrar
diligências, de levá-los com carinho a alguém que está esperando, de pegar um
atendimento ou outro, fazer uma ligação, escutar a voz aflita de alguém que
implora por ajuda desse sistema público regido por legislação, de conversar aos
fins de tarde após um longo e corrido expediente sobre o dia e sobre o que será
do restante da semana com um colega de trabalho. Finais do mês lotavam nossa
sala, era trabalho para todos os lados, pessoas pedindo socorro dentro do
próprio sistema que trabalhávamos a paciência e a dedicação me fizeram amar
cada atividade que eu fazia, cada êxito que eu concluía no sistema.
Amava a segunda
feira, ia sorrindo trabalhar, não via à hora de começar o expediente, almoçava
correndo para logo fazer os cadastros, as conversas no telefone duravam um
pouco além da conta eu sempre me culpava, no fundo não precisava, tinha dias
que chegava mais cedo e fazia até tarefa que não era minha. Já trabalhei doze
horas direto, sendo a primeira a chegar ao prédio e talvez uma das quartas ou
quintas a sair, me senti tão feliz aquele dia por ter dado meu máximo e meu
melhor. Era desse estágio que minha felicidade se alimentava ao longo de uma
semana critica, que me assombrava ir à escola, embora fosse e cumprira minhas
obrigações por lá também.
Não posso dizer que
me sinto vazia, em nenhum momento, pois esse estágio me encheu de energia, me
encheu de esperança, me abriu os olhos, me fez acreditar e saber de certas
coisas da vida que eu jamais aprenderia senão houvesse esse contato prático com
uma atividade. E me sinto grata, a todas as pessoas que participaram dessa fase
maravilhosa, das pessoas com as quais trabalhei extremamente exemplares e que
obtiveram total influência sobre atuais pensamentos formados por mim. Hoje depois de cinco meses sem exercer nenhuma
dessas funções me restou a saudade. Pois quem dera o estágio fosse eterno. Tudo
que é muito bom dura pouco, ou eu diria que dura o tempo necessário para saber
o seu real valor.
J G M
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